Quando eu era boiadeiro
Tinha uma vida brilhante
Gostava de trabaiá
Só em negócios volante
Comprava gado e vendia
Em quantidade bastante
Sacava o cobre do banco
Não precisava endossante
Me alembro de uma passagem
Que achei muito interessante
Fui buscar uma boiada
Lá nos campos de Xavante
Levava duzentos contos
Pras despesas dos marchante
Oi, lari, lari, larai
Dia da minha partida
Eu tive uma atenuante
De marchar a comitiva
E minha peonada adiante
Era subida e decida
Só campinas verdejante
Logo vi um automóve
Que vinha vindo distante
Entre a poeira avermeiada
Vi que o carro era importante
Gritei pra minha peonada
Não quero que o gado espante
Encoste o gado depressa
E repicasse o berrante
Era uma garota linda
Vinha vindo no volante
Diz que chamava Sabrina
Me respondeu num instante
Vi que era capitalista
Sua fortuna é bastante
Carculei mais de mir contos
Só em pedras de brilhante
Perguntou da onde eu era
Sou da firma Bandeirante
Todos os negócio que eu faço
Minha firma é que garante
Eu sou o dono da firma
Não tenho representante
Oi, lari, lari, larai
Pensando bem o destino
Veja como é interessante
Fiquemo ali se gostando
Não se esquecemo um instante
Nunca mais vi essa moça
Mas a saudade é bastante
Daquele rosto moreno
Daquele corpo elegante
Um sorriso encantador
Não esqueço teu semblante
O causo é que eu sou casado
Levo uma vida importante
Mas lembro desta passagem
Quando repica um berrante
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)