Na mangueira, da fazenda que eu morei
Minha infância ali passei, cresci no meio do gado
Desde criança, trabalhava de leiteiro
Trinta anos no mangueiro, meu dever era sagrado
De manhãzinha, todas vacas eu chamava
E elas já caminhava, no curral pra me esperar
No meio delas tinha uma vaca malhada
Era rainha do leite, não havia outra igual
Um certo dia, já da lida bem cansado
Eu fiquei muito abalado, veja só o que foi se dar
Eu conheci longe, o berro da malhada
Lá na mangueira fechada, o patrão fechou pra matar
As minhas lágrimas rolaram ali no chão
Quando eu ouvi do patrão, não presta mais para criar
E ali me olhando, com o olhar já bem cansado
Alembrando do passado, ela queria falar
Quantos bezerros eu dei pro patrão vender
Para alimentar seu filho, o meu ficou sem comer
Te dei meu sangue, agora quer minha vida
Minha carne foi vendida, amanhã ninguém me vê
Foi neste dia, que dali eu vim-me embora
O meu peito ainda chora, desprezo que recebeu
Adeus malhada, que morreu tão inocente
Fazendo o patrão contente, matando você e eu