No braço dessa viola, eu vou falar do passado
Nasci em casa barreada, lá no meio do roçado
Já fui caboclo do mato, já andei de pé no chão
Fez lavoura de café, com meu pai e meus irmãos
Só quem na roça sofreu, sabe tudo igual a eu
Pra falar do meu sertão
O cantar dos passarinhos enfeita a natureza
A chuva cai sobre a mata, eles cantam sem tristeza
Nosso sertão é tão lindo e coberto de beleza
À noite o gado se junta, a Lua que toma conta
O galo canta cedinho, caboclo pega o caminho
Na hora que o Sol aponta
Mas o caboclo da roça veio morar na cidade
Trouxe os filhos pra estudar e ir para a faculdade
Sem apoio na lavoura ele teve que parar
Hoje a cidade tá cheia, não tem mais onde morar
Vivem todos amontoado, muitos já desempregados
E não podem mais voltar
Os jovens todos estudando, logo irão se formar
Depois de tudo formado, não tem onde trabalhar
O nosso homem do campo, um dia vai acabar
O sertão abandonado, ali vocês vão lembrar
O nosso Brasil crescendo, todo esse povo comendo
Sem ter ninguém pra plantar
Nosso chefe da nação, também os governador
O sertão manda falar e pede para o senhor
O caipira é o esteio, trate ele com amor
Pra não perder o que tem e trabalha sem rancor
Pra ter um Brasil sem fome, ajude mais esse homem
Chamado de agricultor