O mar espreguiçando-se na areia
Trouxe no seu espreguiçar
Algas envoltas em espuma
E quando à noite veio a maré cheia
Voltaram todas ao mar
Mas na praia ficou uma
Conta a lenda, que essa alga pequenina
Que o destino ali deixou
Tomou forma e tomou vida
E um pescador que cedo ali passou
Encontrou uma menina
Sobre a areia, adormecida
E quem passar pela cabana do pescador
Há-de sentir um não sei quê de nostalgia
E aos seus ouvidos há-de chegar o rumor
Que tem do mar a estranha melancolia
E nessas notas doloridas e plangentes
Talvez não saibam quem é que está a escutar
Talvez um búzio a soluçar notas dolentes
Ou talvez seja eu sozinha a soluçar
O mar acompanhou-me desde então
Em noites de lua cheia
Quando é mais belo o luar
Uma saudade assalta o meu coração
E vou sentar-me na areia
A conversar com o mar
Em noites tempestuosas é medonho
O rugir forte das vagas
Que à praia vêm findar
A sua voz parece até cheia de pragas
Mas o mar volta ao seu sonho
Se eu venho à praia cantar