Quem te falou em escolhas certas mentiu-te
Quem te apontou caminhos sem os percorrer
Quem te mostrou suas aguarelas nas telas pintadas por uma só forma de ver
Quem te falou numa verdade enganou-te
Há mais verdades escondidas por aí
Somos voláteis, somos feitos de contrários
Somos todos santos, somos todos mercenários
Sacrifico minha vontade, por um tiro no escuro que nos deixa sós
Custa ver que na realidade o tiro não foi no escuro o tiro foi em nós
Não pretendo não fazer erros, vou aprendendo com o mal que trago em mim
E se aprendo sinto-me gente, que só é gente quem consegue ser assim
Alguém que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem, que vendo o mal nunca está bem
Alguém me disse que a vida passa a correr
E eu fui na corrida sem me aperceber
Alguém me disse que a vida passa a correr
E eu fui na corrida sem parar p'ra abastecer
A vida são dois dias disse um homem já maduro
Tive um ontem e hoje o mais certo é não ter futuro
O velho de Restelo diz que a vida são dois dias
E entre o choro e o riso eu não deixei horas vazias
Lídia enlacemos as mãos vamos ficar então somente a ver passar o rio
Lídia joguemos xadrez façamos isso em vez de dar à guerra o nosso brio
Lídia, sejamos alheios aos desgostos feios de quem já não quer quem tem
Mas, Lídia, eu sinto-me vazio ao ver passar o rio, sem te ter nem fazer por ser
Alguém que vendo o mal nunca está bem
Que vendo o mal nunca está bem, que vendo o mal nunca está bem
Alguém cuja maldição afinal
Está nessa fraqueza carnal, de querer o bem e ter o mal.