Voa águia
Desce nos braços do povo
Na travessia dos morros
No manto azul das manhãs
O Sol, que alumia o destino, cobre todos nós
Bendita esquina onde Oxalufã
Humanizou sua voz
Negra obra prima, emissão divina
Encarnou nas Minas, lâmina de amor
Aura incandescente, arrastando gente
Que sente a alma do compositor
À luz do luar, lá vem romaria
O doce cantar, Maria, Maria
Repleto de chão, da terra no cio
Feito ouro aluvião, bateiando uma canção
Veio à beira do rio
Único, sopro sagrado, solfejo da América
Acorde miscigenado e olhos de África
Do lado esquerdo do peito, as notas e a métrica
Arrebatando poetas, compondo por mágica
Enquanto um coração de estudante bater
Seu canto, bituca, é pra nunca esquecer
O que será que seria o Brasil sem você?
No morro velho chega a Portela
Se fez a poesia, sacramento
Já dizia Elis: Se Deus tivesse voz
Seria a voz de Milton Nascimento
O meu samba é oratório
Que Sebastião clareia
Mil tons geniais, e os tambores das gerais
Na escola de Candeia