Sou baiana querida dos moços
Na gordura não tenho rivais
Quando passo por eles, eu ouço
Coração, não me diz para onde vais?
Vou seguindo, batendo as chinelas
Que, de leve, se agregam ao meus pés
Par em par vão se abrindo as janelas
Vou vendendo, sem medo, os pastéis
Ao comer do angu saboroso
Com bastante pimenta pra arder
Os velhotes lambem-se de gozo
Com a linguinha de fora a mexer
Se na massa me dizem que acerto
Eu, aqui quieta, que disso não creio
Pois algum conhecido ouve perto
Quer que mude e esqueci o recheio
No trabalho não morro de inveja
Sou feliz, sou pra todo tempero
Se do bairro, a festança que enfeita
Tem correntes ao meu tabuleiro
A baiana pra ter freguesia
Dorme cedo e sai antes do Sol
Não se pode nascer na Bahia
Da pimenta sustenta o farol
Deste mundo tamanho me orgulho
Tudo isto foi feito pra mim
Eu num samba não faço barulho
Assim quer, meu Senhor do Bonfim