O poeta João do Vale cantando seu carcará
Fez logo a ema gemer no tronco do juremá
Convidou Sebastiana pra xaxar na Paraíba
E mostrou o morceguinho, a pipira e a guariba
Ora pisou na fulô ou desceu até o Japão
Dançando o seu pagode com as morenas do grotão
Disse com toda certeza como estou dizendo agora
Que é no pé do lajedo aonde a onça mora
No trem de Teresina a São Luís
Fez do samba a voz do povo e alegrou todo país
A pobre Maria Benta quase morreu de arrelia
Com um peba na pimenta na casa de Malaquias
Vendia seu pirulito, arroz doce e mungunzá
Em Pedreiras e Caxias, Codó e Coroatá
Quando a lua fez o claro subiu na asa do vento
Pra contar sua história de vida e sofrimento
Foi lá pras terras do sul com os seus
barrigudinhos
E voltou louco da vida gritando: cadê Toinho?
No trem de Teresina a São Luís
Fez do samba a voz do povo e alegrou todo país
Convidou o Bené Nunes pra tocar no casamento
Da menina Juliana filha de Antônio Bento
Não esqueceu dos amigos Manoel, Pedro e Romão
Que não puderam estudar e nem faziam baião
Não lia e nem escrevia, mas tinha alma profunda
A ponto de perceber uma estrela miúda
E assim fica difícil acrescentar algo novo
Além do que já foi dito do poeta João do Povo
No trem de Teresina a São Luís
Fez do samba a voz do povo e alegrou todo país