Era assim
Duas crianças correndo
pelo cafezal
brincando com as borboletas
cantando com os sabiás
colhendo manga
subindo nas jabuticabeiras
Crescendo livres
nadando nas cachoeiras
Ela, filha do coronel fazendeiro
Ele, filho do capataz mais
ligeiro
Era assim
Tanto que se gostavam
tanto que muito brincavam
tanto que pouco importavam
p? ra classe social
Era assim... Assim
E o tempo rodou nos bordados
da saia branca de rendados
da pequenina sinhá
Já grandes foram apartados
ele, lavrando a terra
plantando e colhendo o
café
Ela, na grande cidade
vivendo os dias da fé
Se tornou uma professora
que agora, naquele sertão
vai lecionar
Mundos distantes grudados
urdidos nas teias
do crochê
e do chapéu de palha
Ela, ensinando a liberdade
ele, a vivendo como der
Ela, com o giz e a saudade
de como tudo era!
Ele, lavrando a terra
Ele, lavrando a terra
Eh! Lavrando a terra
Que o sonho ainda há
de brotar!