Num quarto modesto e triste, morreu o Zé cauteleiro
Sem família, sem amigos, sem um simples companheiro
Ele que oferecia sorte num gesto feliz e franco
Na vida como na morte, teve sempre jogo branco
Já ninguém se lembra do Zé cauteleiro
Que a muitos, em vida, ofereceu dinheiro
Vida de cautelas, feita dum pregão
E apenas ganhou na terminação
Eu conheci bem o Zé, o Zé falava comigo
E de tal forma que até cheguei a ser seu amigo
Por vezes se lastimava e eu, sem querer, compreendia
Que a sorte que ele desejava era a mesma que oferecia