Meu nego quando me beija
Me enche a boca de estrelas
Enquanto se põe a comê-las
É um lusco-fusco num céu de azul de metileno
Meu nego quando me abraça
É meio prazer e doença:
De tanto que me suga a boca
De tanto que me vira ao avesso
Me deixa moendo os ossos
Ao me lamber a carcaça
Me seguro pra não ter um troço
Nem me emborcar na cachaça
E me diz, em tom de lisonja
Quanto me inspira e dá sorte
Se aposto um trocado nele
E, pimba! O sonho dá na cabeça
E sai serelepe, o esponja
Nos braços de uma vadia;
Esbanjando noutra esquina
A merreca que eu ganhei
Tomara que broche com a mina
Rapina que agora o entretém