No camarim
As rosas vão murchando
E o contra-regra dá
O último sinal
As luzes da platéia
Vão se amortecendo
E a orquestra ataca
O acorde inicial
No camarim
Nem sempre há euforia
Artista de mim mesmo
Nem posso fracassar
Releio os bilhetes
Pregados no espelho
Me pedem que jamais
Que eu deixe de cantar
Caminho lentamente
E entro em contra luz
E a garganta acende
Um verso embriagador
O corpo se agita
E chove pelos olhos
E um aplauso escorre
Em cada refletor
Pisando esta ribalta
Cantando pra vocês
De nada sinto falta
Sou eu mais uma vez
As rosas vão murchar
Mas outras nascerão
Cigarras sempre cantam
Seja ou não verão