Ah, se minh`aula retornasse
Pro giz da minha infância
Pro meu caderno encapado
E o meu nome escancarado:
EU, Primeiro Ano A.
Ah, Primeiro ano A!
A professora: “Bom-dia!!!”
A bolsa, a banca, a folia
A turma do dia-a-dia
A lei da Diretoria
A sineta, a correria
A hora de merendar…
Ah, se minh`aula retornasse
Pro meu recreio de infância:
Pro ritual da lancheira
Da merenda corriqueira:
O copo – irmão da garrafa
O bolo, o ponche, a toalha,
Goiaba, biscoito, pão…
Não há no mundo dos cheiros
Na mais antiga distância
Cheiro melhor que a fragrância
Dessa lancheira de infância.
Não há no reino das cores
Nos arco-íris, bandeiras
Nos frutos das romãzeiras
Amora, amor que avermelha,
Um rubro mais colorido
Que o tom da minha lancheira.
Enganam-se os poetas
Trovadores, seresteiros
Que celebram Chão de Estrelas
Versejando sem razão
Ao dizer, de vão em vão
Que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão.
É não!!!
A mais doce ventura desta vida
É a lancheira, os recreios e a lição.