Buenas tarde, bolicheiro, me trás uma bem gelada
Fiz duas horas de estrada num trotezito chasqueiro
Pois meu Tordilho estradeiro, pra tranquear, não tem paciência
Pra onde eu me largo é querência, sempre disposto e faceiro
Vim rever uma guria que, do beijo, eu tive a prova
Morena da Vila Nova, bonita e trabalhadeira
Diz que a mãe é cozinheira e o pai dela é bolicheiro
E eu sou um simples gaiteiro, crioulo lá da fronteira
Diz que a mãe é cozinheira e o pai dela é bolicheiro
E eu sou um simples gaiteiro, crioulo lá da fronteira
Se ele soubesse, o que seria?
Será que faria gosto ou que embrabeceria?
Se ele soubesse, quem sabe, um dia
Que a filha do bolicheiro é a dele e ele não sabia
Eu tapeei bem meu sombreiro, bota com cano puxado
Lenço no pescoço atado e, pra visitar a China
Jaleco da Gabardine que só em Rivera se acha
Da mesma cor da bombacha, feitio da Dona Norina
Me vê umas bala' de mal que é pra me adoçar a boca
Que, embora minha plata é pouca, o que eu tenho me diverte
Pra quem minha vida enterte' e, a carinhos, me ata
Vou levar um par de alpargata trinta e seis ou trinta e sete
Pra quem minha vida enterte' e, a carinhos, me ata
Vou levar um par de alpargata trinta e seis ou trinta e sete
Se ele soubesse, o que seria?
Será que faria gosto ou que embrabeceria?
Se ele soubesse, quem sabe, um dia
Que a filha do bolicheiro é a dele e ele não sabia