Nessa vida, eu fui tropeiro
Empurrei tropa na estrada
Trago as marcas na carcaça
E muita história guardada
Botava o laço num canto
Pra formar a cavalhada
E, ouvindo o som do cincerro
Rondava de madrugada
Me chamam Loco das Égua
Por terem visto bastante
Eu sempre cortando légua
Com um lote égua por diante
Atava a gola do poncho
E esticava no aramado
Nos dia' de chuva forte
No corredor, acampado
Fazia um foguito embaixo
Pra dar jeito no assado
Sofri, mas tenho saudade
Do que eu fui no meu passado
Me chamam Loco das Égua
Por terem visto bastante
Eu sempre cortando légua
Com um lote égua por diante
Um gole de canha branca
Fumaça de palha e fumo
E, o que faltar nos arreio'
Em algum bolicho, eu arrumo
Fiz, dos pelego', meu catre
Na soga, não me acostumo
Fiz, do corredor, querência
Pois gosto de andar sem rumo
Me chamam Loco das Égua
Por terem visto bastante
Eu sempre cortando légua
Com um lote égua por diante
Tive um relho amansa-louco
Com uma moeda na ponta
Que, ao estalar na virilha
Deixava a eguada tonta
Pode parecer mentira
O que esse gaúcho conta
Mas são façanhas que um índio
Pela estrada afora apronta
Me chamam Loco das Égua
Por terem visto bastante
Eu sempre cortando légua
Com um lote égua por diante