Lá no mourão esquerdo da porteira
Onde encontrei vancê prá despedir
Tenho uma lembrança minha derradeira
É um versinho que eu lhe escrevi
Vancê, eu sei, passa esbarrando nele
E a porteira bate pra avisar
Vancê não sabe que sinal é aquele
E nem sequer se alembra de olhar
E aqui tão longe eu pego na viola
Aquele verso começo a cantar
Uma sôdade é dor que não consola
Quanto mais dói, a gente quer lembrar
Vancê talvez não sabe o que é sôdade
Uma lembrança vancê nunca sentiu
Pois esquecer às vez tinho vontade
Essa vontade o meu peito feriu
No dia que doer seu coração,
Duma sôdade que eu tanto senti
Vancê chorando passa no mourão
E lê o verso que eu mesmo escrevi
(Pedro Paulo Mariano – Santa Maria da Serra-SP)