Num sarau
Na rua Itapiru,
Em casa das Novais,
O calor
Está abrasador
E tem gente demais.
Mas tome polca!
Num sofá,
A Dona Jacintinha
Faz bolas de papel,
E na janela,
De papelotes,
A Berenice namorisca o furriel.
A reclamar silêncio,
Surge o Seu Fulgêncio,
Um rotundo e bom comendador.
Sim, porque, nesta altura,
Chega o padre cura
Com o corregedor.
"Hum, hum, senhorita,
A honra desta dança
Acaso quer dar?"
"Ó cavalheiro!
A honra é toda minha,
Porém já tenho par!"
E tome polca!
Entra o Sousa,
Que vem pisando em ovos
Com as botas de verniz,
Enquanto a esposa,
De olhos em alvo,
Fica torcendo
Os cabelinhos do nariz.
Por trás de uma cortina,
Vê-se a Minervina,
Que é mais preta que um tição,
Que diz entre risadas:
"Quebra, Dona Alice!
Quebra, Seu Beltrão!"
Atenção!
Acordes da Dalila
Seu Gil vai recitar
Formam roda
E o moço, encalistrado,
Começa a gaguejar.
T-Tome polca!
Vem o chá,
Bolinhos de polvilho
E outros triviais.
"São onze horas.
Apague o gás".
E assim termina
O bailarico das Novais.
E tome polca!