Meu moreno fez bobagem
Maltratou meu pobre coração
Aproveitou a minha ausência
Botou mulher sambando no meu barracão
E quando eu penso que outra mulher
Requebrou pra meu moreno ver
Nem dá jeito de cantar
Só dá vontade de chorar e de morrer
Deixou que ela passeasse na favela com meu peignoir
Minha sandália de veludo deu à ela para sapatear
E eu de longe me acabando, trabalhando pra viver
Por causa dele dancei rumba e foxtrote para inglês ver
Meu moreno fez bobagem
Maltratou meu pobre coração
Aproveitou a minha ausência
Botou mulher sambando no meu barracão
E quando eu penso que outra mulher
Requebrou pra meu moreno ver
Nem dá jeito de cantar
Só dá vontade de chorar e de morrer
De morrer, de morrer
Em 1940, lá no morro
Começaram o recenseamento
E o agente recenseador esmiuçou a minha vida
Que foi um horror
E quando viu a minha mão sem aliança
Encarou para a criança
Que no chão dormia
E perguntou se o meu moreno era decente
Se era do batente ou se era da folia
Obediente como a tudo que é da lei
Fiquei logo sossegada e falei então
O meu moreno é brasileiro, é fuzileiro
É o que sai com a bandeira do seu batalhão
A nossa casa não tem nada de grandeza
Nós vivemos na fartura sem dever tostão
Tem um pandeiro, um cavaquinho e tamborim
Um reco-reco, uma cuíca e um violão
Fiquei pensando e comecei a descrever
Tudo, tudo de valor
Que meu Brasil me deu
Um céu azul, um Pão de Açúcar sem farelo
Um pano verde e amarelo
Tudo isso é meu
Tem feriado que pra mim vale fortuna
A Retirada da Laguna vale um cabedal
Tem Pernambuco, tem São Paulo, tem Bahia
Um conjunto de harmonia que não tem rival
Já me disseram que você andou pintando o sete
Andou chupando muita uva dessa de caminhão
Agora anda dizendo que está de apendicite
Vai entrar no canivete, vai fazer operação
Mas o que tem a Florisbela nas cadeiras dela
Andou dizendo que ganhou a flauta de bambu
Abandonou a batucada lá da Praça Onze
E foi dançar o pirulito lá no Grajaú
Caiu o pano da cuíca em boas condições
Apareceu Branca de Neve com os sete anões
E na pensão da dona Estela foram farrear
Oi, quebra, quebra gabiroba quero ver quebrar
Você no clube dos quarenta deu o que falar
Cantando o seu Caramuru, bota o pajé pra brincar
Bota, não bota o pajé, deixa o pajé farrear
Eu não te dou a chupeta, não adianta chorar
Já me disseram que você andou pintando o sete
Andou chupando muita uva dessa de caminhão
Agora anda dizendo que está de apendicite
Vai entrar no canivete, vai fazer operação
Mas o que tem a Florisbela nas cadeiras dela
Andou dizendo que ganhou a flauta de bambu
Abandonou a batucada lá da Praça Onze
E foi dançar o pirulito lá no Grajaú
Caiu o pano da cuíca em boas condições
Apareceu Branca de Neve com os sete anões
E na pensão da dona Estela foram farrear
Oi, quebra, quebra gabiroba quero ver quebrar
Você no clube dos quarenta deu o que falar
Cantando o seu Caramuru, bota o pajé pra brincar
Bota, não bota o pajé, deixa o pajé farrear
Eu não te dou a chupeta, não adianta chorar
Bota, não bota o pajé, deixa o pajé farrear
Eu não te dou a chupeta, não adianta chorar