Tive um sonho de amor e de inocência
Cheio de luz das coisas invulgares
Do qual perdi a luminosa essência
Na cristalização dos meus pesares
Tarde reconheci minha falência
Terminados os múltiplos azares
De minha quase inútil existência
No silêncio das cinzas tumulares
E da morte, no abismo indefinido
Tombei exausto, amargurado e cego
Abismo tenebroso que eu transponho
Infeliz do meu ser irredimido
Pois triste e atordoado inda carrego
O negro esquife do meu próprio sonho