Vejo as chagas do mundo com minhas retinas
Trago os olhos cansados de tanto chorar
Sinto a brisa macia que vem das campinas
Busco razões escondidas pra não fraquejar
Tenho o fio do horizonte guiando meus passos
E os parceiros de estrada pra ombrear minha cruz
Uma inquietude que sempre descruza meus braços
E com o som da viola ao verso conduz
Tenho o riso de um menino
Quando acorda para a vida
A ternura de um velhito
Que ainda encontra motivos pra lida
E esta cantiga tão interiorana
Que aponta caminhos pras causas perdidas
Levo o amor pelo campo em minhas jornadas
Uma saudade paciente a me consolar
Em cada estrofe colhida refaço minha estrada
Pra que a tristeza não tenha mais onde morar
Curo as feridas do tempo nos campos do fundo
Largo os desgostos da vida para o corredor
Bebo das águas do rio caudaloso e profundo
Que me conduz para a paz e abranda a minha dor
Tenho o riso de um menino
Quando acorda para a vida
A ternura de um velhito
Que ainda encontra motivos pra lida
E esta cantiga tão interiorana
Que aponta caminhos pras causas perdidas