Morre a tarde a espera do retorno.
Prometido, contorno não cumprido,
Amor ido, dolorido, em pedaços
Um esperar convertido em transtorno.
Não há fé nessa espera nem conforto.
Torto, olho, de canto, o horizonte:
Onde se esconde esse amor embriagante,
Que se vai e me deixa como um morto?
No poente, desesperado e sozinho,
Metrifico a agonia, sem ti, sem vinho,
Desisto, rasgo esta doida fantasia
E sigo, agora sei: já não és minha.
Outras tardes morrem como outras noites,
E o retorno, aquele, o prometido,
Ainda não cumprido, são estas foices
Que a meu corpo retalham, indevido.
Esta terna dor não cabe em meu poema,
Teorema difícil, não entendido,
Desespero de amar enlouquecido,
E saber-se sempre num só dilema:
Amar-te e sofrer um desamparo ou,
Sem ti, seguir uma vida que acabou?
Como? Por que algo tão intenso termina?
A mim, restaram, Amor, estas rimas,
Mas não sou eu o condenado por te amar,
E sim tu a quem o amor não contamina.
E saio da tua rota... pássaro louco.
Ah! Não sei de ti. Onde caminhas?
Desisto, rasgo esta doida fantasia
E sigo, agora sei: já não és minha.