Tá tudo debaixo da vaidosa maldade dos homens
Que usam a força e empurram o mundo pra um funeral
Aqui jaz as mulheres, o negro e o pobre, que sempre se ferra
Doentes e órfãos, que ainda não são dignos filhos da terra
É gente cansada, desesperada, gente aflita
É um gigante rebanho de ovelhas perdidas, sem pastor
É gente sem dono, usada e cuspida na mesma pia
Onde a terra, cativa, ainda respira antes do terror
E ela ainda geme
E ela ainda espera
Estavam com sede, secos, pálidos, não lhes demos de beber
Os vimos com fome, nós, os fartos, não lhes demos de comer
Morriam de frio, nus e fracos, não lhes demos de vestir
E a terra sucumbe à nossa volta, e nós só queremos nos divertir
Aquele tem menos direito, o outro se satisfaz
E o crente ainda pede pra Deus lhe fazer o cabeça, mais um Satanás
O amor do dinheiro é raiz, e o contrário do homem é paz
E a terra que vive cansada de ouvir moribundos gritando seus ais
E ela ainda geme
E ela ainda espera
No caminho dos sacerdotes, de levitas que andam nos panos
Desviam dos samaritanos e correm pros templos da perdição
Miseráveis sem piedade, inutilidade de religião
Missionários da prosperidade, e a terra ainda espera nossa missão
Pai nosso que tá no céu, santificado é o nome teu
Teu reino que venha e a vontade que
Seja aqui na terra como no céu
Só queremos o pão diário e perdão pra nós, ordinários
Na medida que damos perdão
E abraçamos o irmão, e não o contrário
Não nos deixe na tentação e nos livra sempre do mal
Teu é o reino, o poder e a glória
Hoje, pra sempre e além do final
E ela ainda espera