Se nos escondermos sob a cama ou debaixo do sofá
Se, no fim, perdermos nossa sã capacidade de salgar
Se a voz que ainda clama, solitária, no deserto, se calar
Ai, meu Deus do céu, se foi a chama!
Nos responde o que será!
O que será?
Meu Deus do céu!
Se nós somos
O último fio de baba que une o pirulito ao beiço
Restinga da marambaia que subsiste à poluição
O único veio d'água que ainda justifica o censo da vida humana no sertão
Somos nós
O sal da terra somos nós
Se não entendermos nossa chance de morrer e começar
E, no fim, mantermos nosso afã, nossa vontade de estragar
Se nos preocuparmos com a fama ou com o quanto vai custar
Ai, meu Deus do céu, se foi a chama!
Nos responde o que será!
O que será?
Meu Deus do céu!
Se nós somos
O último fio de baba que une o pirulito ao beiço
Restinga da marambaia que subsiste à poluição
O único veio d'água que ainda justifica o censo da vida humana no sertão
Somos nós
O sal da terra somos nós
Nem todo furo do chuveiro pinga
Nem todo baiano ginga
De dez Robinho, é só um que vinga
Não é todo palhaço que encarna o coringa
Redenção sempre vem da restinga, né?
São Gonçalo, Capão, Nazaré
Um Messias armado é o avesso
Corpo negro açoitado é o berço da fé
Se a marcha é palanque, é na margem que trilho
Lixo vira luxo nas mãos do andarilho
Marmita, milagre, partilha no gesto
Mato a fome da rua com o resto
E vi, do resto, o profeta surgir
Enredo, Mangueira na Sapucaí
Salva, salga e inspira
Rap é oxigênio, respira!
Se nós somos
O último fio de baba que une o pirulito ao beiço
Restinga da Marambaia que subsiste à poluição
O único veio d'água que ainda justifica o censo da vida humana no sertão
Somos nós
O sal da terra somos nós
Somos nós
O sal da terra somos nós