O coitado do moço passou
todo o tempo bebendo, e ninguém lamentou
no dia em que ele embarcou
vestido de pinho, coberto de flor...
O boteco onde era o seu ponto
em maior desaponto uma porta baixou
e o dono do bar, de remorso,
ninguém viu se chorou...
Sua pele depois de algum tempo
tornou-se embaçada, manchada e sem cor
Suas mãos procurando algum copo
tremiam de anseio, receio ou pavor...
Sua boca juntando saliva,
vontade cativa de algum dissabor.
Ninguém sabe porque ele bebia,
e sorria do amor !
A passagem com que ele pagou
a viagem da qual não voltou,
prestações, foram, dose por dose,
tornou-se em cirrose o antigo sabor.
Foi, aos poucos, perdendo o apetite,
virou hepatite o veneno licor...
E morreu sem amor nem amigo,
e ninguém lamentou !
As crianças saindo da escola,
no mesmo colégio onde ele estudou,
num gesto, talvez por esmola,
fizeram silêncio quando ele passou...
E o padre benzendo o seu corpo
ainda uma prece por ele rezou:
- A família ficou na miséria,
mas, ninguém lamentou !
O coitado do moço passou
todo o tempo bebendo, e ninguém lamentou
no dia em que ele embarcou
vestido de pinho, coberto de flor...
O boteco onde era o seu ponto
em maior desaponto sua porta baixou
e o dono do bar, de remorso,
ninguém viu se chorou
e o dono do bar de remorso,
n i n g u é m v i u !