Eu a vejo passar como um vento.
Meu silêncio queima, sinto-me palha
Num cigarro de palha.
Em qualquer frio, roupa de malha.
Em qualquer tudo, qualquer nada.
Em qualquer partida, eu sei lá, chegada.
Sua arte minha cena.
Qualquer beijo, sorte pequena.
Sinto-me pena, que pena.
Permaneço assim ao lado oposto
Em qualquer frio, qualquer gosto,
Qualquer amor que certo posto
Foi de certo posto.
Sentindo tudo estar no chão
Por via de meus dias meu mundo é em vão.
E no pleno veneno em que o olhar me transcende
Eu a vejo e imagino o sempre.