Ele gritou: Quem vai querer?
Na feira livre lutou e ganhou o pão
Predestinado menino
Ao compor o seu destino
Fez do dia a dia inspiração
Da favela à tamarineira
Malandro, não marcou bobeira
Nas encruzilhadas, encontros da vida
Mãe baiana, mãe
Pintou uma Lua lá no céu
Prateando a história tão bonita
De um nobre e laureado menestrel
Menina cadê a farinha?
O vento soprou de lá
Negro sofreu na senzala
Deixa a fumaça entrar (ô iaiá)
A voz do morro é verde e branca, sim senhor
Miséria se espanta com festa
Comemos pão que o diabo amassou
Onda só leva quando dorme o camarão
Cada gota de suor de quem labora
É um pingo de felicidade
Pouca coisa não vai nos jogar no chão
É folia, nesse dia ninguém chora
Então maneira mané, sem covardia
Prenda o poeta, mas não prenda a poesia
Pega eles, Beto! Pega eles, Beto Sem Braço!
Mete a cara no mundo
Passo a passo no compasso
Chega e pisa forte no chão que lhe consagrou
Hoje o Império forma a roda em seu louvor