Quando eu vim da minha terra
Vim com fama de peão
Amansava burro brabo
Lá no centro do sertão
Punha tropa no currár
O mais gordo eu escoía
Jogava o laço no macho
Do jeito que eu queria
O macho dava corcovo
Jogava areia pros ar
Passava a mão nas orêia
Fazia ele ajoelhar
Eu enfiava o buçar
E chegava no morão
Arriava e amuntava
Pulava meu coração
O burro pulava arto
E até o vento zunia
Quanto mais arto pulava
Mais arto eu inda queria
O burro quando parava
O corpo dele tremia
Tava cortado de espora
Mas fazia o que eu queria
O burro que eu amansava
Tinha que me obedecer
Em cima do meu lombilho
Eu fui duro de roer
A fia do meu patrão
Da janela me falou
Apeia e sorte esse burro
Que eu quero ser teu amor
Tirei o lombilho do burro
E joguei ele no chão
Por teu respeito, morena
Nunca mais serei peão
Ela deu um ar de riso
E me deu o que entender
Tu deixou de ser peão
Serei tua até morrer
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)