Numa fábrica de carro
Que aconteceu esta história
Um vigilante noturno
Que só pensava em vitória
No meio dos operários
Ele estava toda hora
Por causa deste sujeito
Tem gente que ainda chora
Só vivia perseguindo
A achar alguém dormindo
Pra poder mandar embora
Certa noite o vigilante
Não se via satisfeito
Foi procurar no vestiário
Com o seu plano já feito
No corredor dos armários
Ele encontrou um sujeito
Que dormia bem tranquilo
Deitado ali em seu leito
Vai ser meu maior cartaz
Vou mandar este rapaz
Ir embora sem direito
Pegou a chapa do moço
Sorrindo de alegria
Quando for de manhã cedo
Vou entregar pra chefia
O operário calado
Nada pro guarda dizia
O guarda estava feliz
Por ter uma melhoria
Com este caso ocorrido
Eu posso ser promovido
A chefe da portaria
O guarda no outro dia
Foi falar com o doutor Mário
O chefe do escritório
Para ver lá no fichário
Encontrei alguém dormindo
Lá dentro do vestiário
Empregado vagabundo
É um ladrão de salário
Se chama José Paulete
Dois mil e cinquenta e sete
É a chapa do operário
Pegando a ficha no arquivo
Veja o que aconteceu
Doutor Mário desmaiou
A ficha o guarda que leu
Ao ver a ficha de luto
O guarda enlouqueceu
Carimbo feito de sangue
Do acidente que sofreu
Quem dormia no vestiário
Jamais será operário
Faz seis anos que morreu
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)