Declamado
"- Tem gente na frente?
Tem
Truco então
Seis, papudo
Nove, ladrão do meu tento
Doze, reboque de casa velha
Mata sete copa! "
cantado
Naquela casa de jogo
Só pensando em jogatina
Esquecendo que o baralho
Para todos é ruína
Um rapaz ainda moço
Nesse vício que domina
Passando noites e noites
Naquela triste rotina
declamado
"- Truco, zóio de sapo
Seis, pixote
Nove, patinho gordo
Doze, pangaré manso"
cantado
Era um chefe de família
Há pouco tempo casado
Pai de dois lindos meninos
Dois anjinhos adorado
Mas no jogo de baralho
Ele tinha se entregado
Esquecendo que ser pai
É um dever muito sagrado
declamado
"- Zé, ô Zé!
Minha esposa aqui?
Mas é sua esposa mesmo?
É claro!
Então vai atendê, vê o que ela qué?
O que é que você veio fazê aqui uma hora dessa, você está louca?
O Zé, faz uma semana que você não vai pra casa e eu estou passando fome com as crianças. Nosso filho, o Paulinho, está muito doente e passa as noites chamando seu pai - eu quero o papai, onde está o papai? E eu não aguento mais, Zé
Então o Paulinho está doente? Vamo já pra casa, quero vê meu filhinho. Meu Deus, o que é que estou fazendo da minha vida? "
cantado
Ao chegar em sua casa
Foi que ele compreendeu
O mal que estava fazendo
Maltratando os filhos seus
Beijando seus dois filhinhos
Uma lágrima correu
Abraçou a sua esposa
E pediu perdão a Deus
declamado
"- Papai, o senhor não vai mais deixar a gente sozinho?
Não meu filho, agora que eu percebi que o jogo é a perdição de um homem"