Intróito
Yeah, visão do estranho
Relatos sombrios numa sociedade vil
Manifesto
Relatos sombrios numa sociedade vil
Semblante incolor duma realidade hostil
Se o céu é azul, eu não posso confirmar
Eu nunca vi um outro para o poder julgar
Se o Sol brilha p'ra ti desde o seu advento
Deixa-me espreitar porque o meu mundo está cinzento
Queria acreditar no paraíso que reflecte
Mas creio no inferno porque convivo com nele
Sou um sonhador que adormeceu no passado
Em busca dum futuro com presente imaculado
Onde estão os sonhos que o tempo não aceita?
Foram levados pela areia da ampulheta
Se deres-me a receita, talvez será em vão
Sou parte do problema criado pela solução
Mas quem pesa mais na balança da verdade
Sou eu. És tu, ou a sociedade?
Manifesto
Olho no espelho vejo a reflexão manchada
Pelo rosto gasto duma imagem adulterada
Comprada numa sociedade aberta de mercado
Pagada com o valor, do preço mais salgado
O emprego está escasso, na realidade ávida
O que era do homem foi roubado pela máquina
P'ra que estar certo numa sociedade errada
Se tal como o dinheiro é uma ideia abstracta?
Este é o pesadelo do qual muitos não acordam
Mesmo que 1000 dentes de verdade, os mordam
Só quem vive desse lado não vê com segredos
Como é viver errado segundo os vossos erros
As vezes tenho medo do enredo que virá
Porque o narrador sei nunca vai mudar
A realidade é dura p'ra eu suportar sozinho
Mas vou passar por ela se este for o meu caminho
Relatos sombrios numa sociedade vil
Semblante incolor duma realidade hostil
São desabafos 1000 nús e crus com ardil
Na voz de um estranho viril e juvenil