Sou da noite, o filho noite
Trago ruas nos meus dedos
de contarem os segredos
aos altos campos do amor.
E canto, porque é preciso
raiar a dor que me impele
e gravar na minha pele
as fontes da minha dor.
Noite,
companheira dos meus gritos
rio de sonhos aflitos
das aves que abandonei
Noite,
céu dos meus casos perdidos,
vêm de longe os sentidos
das canções que eu entreguei.
Ò minha mãe de arvoredo
que penteias a saudade
com que eu vi a humanidade
na minha voz soluçar.
Dei-te um corpo de segredo
onde arrisquei minha mágoa
e onde bebi essa água
que se prendia no ar.