Meu corpo
É um barco sem ter porto
Tempestade no mar morto
Sem ti
Teu corpo
É apenas um deserto
Quando não me encontro perto
De ti
Teus olhos
São memórias do desejo
São as praias que eu não vejo
Em ti
Meus olhos
São as lágrimas do Tejo
Onde eu fico e me revejo
Sem ti
Quem parte de tão perto nunca leva
As saudades da partida
As amarras de quem sofre
Quem fica é que se lembra toda a vida
Das saudades de quem parte
E dos olhos de quem morre
Não sei se o orgulho da tristeza
Nos dói mais do que a pobreza
Não sei
Mas sei
Que estou para sempre presa
À ternura sem defesa
Que eu dei
Sozinha
Numa cama que é só minha
Espero o teu corpo que eu tinha
Só meu
Se ouvires
O chorar de uma criança
Ou o grito de vingança
Sou eu
Sou eu de cabelo solto ao vento
Com olhar e pensamento
No teu
Sou eu
Na raiz do pensamento
Contra ti e contra o tempo
Sou eu