Não suportando mais o peso da idade
Um pobre velho já cansado de sofrer
Chamou seu filho e com lágrima nos olhos
Disse pra ele muito em breve eu vou morrer
Deus me chama vou partir pra eternidade
Está chegando a minha hora derradeira
Filho querido por lembrança de seu pai
Vou lhe deixar esta muleta de aroeira
Porém o moço todo cheio de ironia
Disse ao velhinho com o gesto de homem mal
Já que o senhor não vai deixar nenhum dinheiro
Pra que me serve este pedaço de pau
Pois eu sou moço e preciso de riqueza
Para a vaidade das mulheres sustentar
E o senhor pode morrer bem sossegado
Sua muleta ninguém mais vai ocupar
Um certo dia o castigo do destino
Sem esperar aquele moço recebeu
Num acidente de automóvel na estrada
Uma das pernas para sempre ele perdeu
Os seus amigos e as mulheres lhe deixaram
Sua vaidade para sempre se acabou
Por mãos de outros teve que voltar ainda
Pra mesma casa que um dia desprezou
Chegando em casa descobriu que o velhinho
A este mundo já não pertencia mais
Chorou de dor vendo a casa abandonada
Sentiu remorso do que fez ao pobre pai
Hoje ele vive se arrastando pelas ruas
De porta em porta implorando a caridade
E a muleta que o velho pai deixou
É quem ajuda caminhar pela cidade