Na rua dos Correeiros
Lisboa discreta e estreita
Tem por detrás dos letreiros
Outra Lisboa que espreita
Lisboa que nos aperta
Com seu coração antigo
Onde o meu amor desperta
Para me levar consigo
Lisboa que passa esguia
A lembrar amores primeiros
E a secreta poesia
Da rua dos correeiros
Rua que vai para o tejo
Sem nunca o tejo se ver
Rua onde passo e só vejo
O que ela finge esconder
Tudo sabe a intimidade
A eternidade e os instantes
O futuro em outra idade
O agora dentro do antes
Ao longe, um vapor apita
E há o bater dos calceteiros
Que deixam Lisboa escrita
Na rua dos Correeiros