É tão bom ser pequenino
Ter Pai, ter Mãe, ter Avós
Ter esperança no Destino
E ter quem goste de nós
A velhice traz revés
Mas depois da meninice
Há quem adore a velhice
Para ser menino outra vez
Ser menino que altivez
De optimismo e desatino
Ver tudo bom e divino
Tudo esperança, tudo Fé
Enquanto a vida assim é
É tão bom ser pequenino
Ver tudo com alegria
Sem delongas sem demoras
Ver a vida numa hora
Eterninade num dia
Ter na mente a fantasia
Dum bem que ninguém supôs
Ter crença sonhar a sós
Co'a grandeza deste Mundo
E para bem mais profundo
Ter Pai, ter Mãe, ter Avós
Ter muito enlevo a sonhar
Acordar e ter carinho
Ter este Mundo inteirinho
No brilho do nosso olhar
Viver alheio ao penar
Deste Orbe torpe ferino
Julgar-se eterno menino
Supor-se eterna criança
E num destino sem esperança
Ter esperança no Destino
Ó desventura, ó Saudade
Causas de tanta inconstância
Dai-me pedaços de infância
Retalhos de mocidade
Dai-me a doce claridade
Roubando-ao tempo atroz
Quero ter a minha voz
P'ra cantar o meu passado
É tão bom cantar o Fado
E ter quem goste de nós