Eis a que tudo deu e nada tem
Senão as cartas que a si mesma escreve
Nelas só arderá por quem não vem
A eternidade do seu corpo breve
Escreve cartas de amor para ninguém
Seu nome de mulher é Mariana
Escreve cartas e reza como quem
Está mais perto de Deus por ser humana
Amou talvez o amor mais que o amante
Escreve cartas e dói-lhe um corpo ausente
Em seu corpo tão perto e tão distante
O resto é nunca mais haver depois
Escreve cartas de amor a si somente
Como quem só por si ama por dois