Eu levo a vida cantando
Por este mundão afora
Nas bailantas do meu pago
Eu entro e danço de espora
Criado lá na campanha
Arisco e meio teatino
Trago a sorte de acabresto
Na garupa do destino
Sempre gostei de festança
De trago e de cantoria
Minha estampa de campeiro
Traz no semblante a alegria
Gosto de ver um gaiteiro
Se desmanchar num gaitaço
Gosto da vida que levo
E tudo aquilo que faço
Quando chego num rodeio
Já dou de mão na cordeona
E a china que tá por perto
Quando eu toco se apaixona
Sou bem assim desse jeito
Campeiro de alma gaviona
O cuiudo da manada
No meio das querendonas
E assim vou levando a vida
Até quando não der mais
Traçando o laço do tempo
Sem frouxar tento pra trás
A ressaca não me pega
O trago n~eo me vicia
Saio na boca da noite
Chego no clarear do dia
Pra sair rezo uma prece
Quando eu chego eu agradeço
Por que a vida de um campeiro
Neste mundão não tem preço
Não corro de tempestade
Não caio de redomão
Não erro um tiro de laço
Conheço a lida de peão
Hoje eu só carrego a gaita
Na garupa do alazão
E pealo de todo laço
A china do coração!