Depois de tempos changueando
Acumulando alguns pilas
Pelas comparsas de esquilas
Ou no rabo de um arado
As mãos e pés calejados
De rédea e suor de potro
Metido num jogo e noutro
Que de quando a sorte ajuda
Peão caseiro e tropeiro
Açude e alambrador
Guitarreiro e trovador
Nos fandangos domingueiros
Que chego sempre matreiro
Ressabiado das peleias
Pisotão de China feia
E borracho que não desgruda
Canto pra enfeitar a existência
E gosto das lidas que faço
E nunca encharco os pelegos
Com restos de choromingos
Vivo em paz de bem com a vida
Inveja e ódio não tenho
Se chover no campo alheio
Me contento com os respingos
Quando a guaiaca transborda
Me enfio no chinaredo
Que nem guri com o brinquedo
Faceiro que nem cabrito
Já gritam que estou bonito
Me tratam melhor que um rei
Pago e finjo que não sei
Que esta alegria tem preço
Mas antes que acabe os cobres
Que digo que nunca finda
E que alguma China linda
Me ache meio esquisito
Vou saindo de mansito
Desculpado em compromisso
Fui feliz, paguei por isso
Gastei comigo e mereço