Um arco-íris tristonho
Uma parede vazia
Uma estrada vadia
E um olhar desolado
Um barco mal-assombrado
Uma flor despetalada
E um relógio quebrado
Um vazio ou dois e o dó de peito
Um dor sem jeito e um vaso apenas
Umas três novenas pra seguir no encalço
Cada cadafalso, uma seta vesga
O visgo da lesma desenhando na parede
A silhueta exata de uma grande cidade?
Uma corrente maluca
Uma estrela apagada
E uma pedra encantada
Um carretel enrolado
Um grito despedaçado
E uma dor sem emenda
A cada ponto que é dado
Em cada nó dessa renda
Mais um grão de arroz e o nó desfeito
Pra dormir no leito, pra girar antenas
Muito além das trenas, pra seguir no encalço
Meu retrato falso, um zunir de vespa
Solidão é a mesma nessa vasta rede
Que se arma e salta sobre a grande cidade?