Daqui da Lua, avisto seu olho sem telescópio
Fumando o ópio das academias de ter e ser
No narguilé da lagarta de Alice, nem a dor mais fina
A da endorfina, que na Lua conseguiria me aborrecer
Enquanto as fábricas cospem mercúrio no mar aberto
Faço ranger as folhas amargas do antigo jornal
Uns imbecis pedindo ditadura
Mas toda vez que a faca me perfura, eu sangro
E aqui da Lua, isso também é igual
Os transeuntes baixam seus olhares
Rezando aos chips dos seus celulares
Aqui na Lua, até que não me sinto tão mal
Só dou pequenos passos e tropeço em bandeiras fincadas
Ergo castelos gigantes de areia e cartas marcadas
Pagando pato com a mesma moeda
É na vertigem que começa a queda
Aqui na Lua dos lobos e loucos, dragões e espadas
Eu precisei me afastar um pouco pra poder te ver
Só não sabia que um dia iria tão longe assim
Como eu queria que você viesse
Como eu queria que você me visse
Daqui da Lua, até que não pareço tão ruim
Enquanto as máquinas fabricam máquinas que roubam o tempo
Já não sei mais se foi por essa estrada que eu vim
Tenho tentado fugir das notícias
Eu tô de corpo e alma, em carne viva
Avisa em casa que eu tô com saudades de mim
Vou deslizando até virar riacho
Pra me livrar de tanta asfixia
A gravidade não me põe pra baixo
Eu te avisei que um dia partiria
Aqui na Lua, ando com saudades de mim
Aqui na Lua, ando com saudades de mim
Aqui na Lua, ando com saudades de mim