Pra te ferir: flechas e facas e mais
Pra te dizer: velha cidade, sem cais
Pra te levar: só carruagem de sal
Depois do ponto final
Pra te seguir: pernas e pé-ante-pé
Pra te dizer: tudo que é e não é
Pra te vender: feiras, reais e leilões
Pra te comprar: ilusões
E te perder nas ruas sem constelação
Onde te achar nuvem: alma lavada no mar?
Vendo o céu daqui do alto do prédio
Os faróis são como o brilho de estrelas
Quadro-a-quadro como em foto-novelas
Flutuando ao sopro doce do vento
Vendo o céu aqui do alto do prédio
A saudade é como um cão sem coleira
Mesmo que se perca ao som da matina
Mesmo que se encontre no pensamento?
Pra te sentir: olhos, ouvidos e luz
Línguas e mãos, cílios e unhas dos pés
Pra te prender: braços e quartos de hotéis
Até nublar céus azuis
Pra te dizer: cada poema que fiz
Pra te lembrar o que a saudade me faz
Pra descobrir tudo que sempre se quis
Depois que é tarde demais pra voltar?