Eu vou rimar. Não quero nem saber.
Eu vou desabafar. Não quero gravar CD.
Eu sou do mundo. Moro nas ruas.
Pra maioria sou um reles vagabundo.
Um cara comum que muitas vezes se deu bem.
Mas nunca trabalhou na Mercedes Bens.
Quando eu era pequeno li: “O bicho”.
E nem liguei. Rachei o bico.
Não pensei que o verso do “Bandeira” era verdade.
Eu não conhecia a tal realidade.
Eu não sabia que o mundo era assim.
Cada um por si. Só Deus por mim.
Nem percebi que poderia ser eu.
Morador de rua. Isto aconteceu!
Pra sobreviver. Eu como no lixão.
Meu cobertor é um papelão.
Dizem que querer é poder. Não vejo Isto.
Eu sempre quis. Não fiquei rico.
Riqueza não importa mais. Só família e casa.
Mas ninguém me ouve. To na calçada.
Sei que pobre no Brasil é a maioria.
Moro na marquise das “Casas Bahia”.
Dizem que o K... é um vencedor.
Mas quem construiu seu império foi trabalhador.
Olham pra mim. Haaa! Fazem careta.
Se liga ai maluco! Maior treta.
Quero sair daqui, mas não sei como.
Já não sei mais se eu sou ser humano