To saindo de casa. Já é cinco da tarde.
É quase noite na minha comunidade.
Eu ando um pouco e tropeço num buraco.
Porque será que não colocam asfalto?
Só colocam em lugar que todo mundo ta vendo.
Se liga ai maluco! Se ta me entendendo...
Ando mais um tanto e já ta no meu horário.
No meio do caminho. Eu trombo com seu Mário.
Que trabalhou na Volks e agora vende picolé.
E amendoim no trem com seu filho e sua mulher.
Trabalho de responsa mas sem nada na carteira.
Pra se aposentar. É tremenda canseira.
E a fuga da PF pois o trampo é proibido.
Trabalhador agora é tratado como bandido.
ABC Paulista, no passado muita riqueza,
que tristeza, agora falta feijão na mesa.
São poucos com muito e muitos esquecidos.
E se vacilar você vira falecido.
Alvo de jornais que só querem aparecer
Tentam esquecer da ética e do proceder
Se você não fizer o corre o bicho pode pegar.
Perde respeito, perde família e perde o lar.
Se você brincar acaba numa esquina.
Se liga ai Jão! Não perca a auto-estima.
É quase meia noite e to de volta pra casa.
No fundo trem, eu ouço uma risada.
O povo é sofrido mas não perde a alegria
Por isso tenho orgulho de ser da periferia!
Por isso tenho orgulho de ser da periferia!