Nasce o carnaval
A festa carnal
Onde o povo é rei
Em meio a orgias saturnais
Bailes, festivais
A arte eu herdei
Erguem-se alegorias
Os mortos levantam, vivos a bailar
E o papa cai na folia
Uma heresia, seria parar
Ó Pierrot, chorou quando deixou Veneza
Mas se alegrou quando chegou ao Rio de Janeiro (de fevereiro)
Ô abre alas para a realeza
Rosas de ouro no ar, banho de cheiro
Um novo ninho, para um eu sozinho
Pelo telefone mandou me chamar
A tia avisou: É festa na praça!
O frevo é o fervo, que não vou negar
Com que roupa eu vou na festa da raça?
Deixa falar, Vai como pode
Cordões a passar, a terra sacode!
Se todo bamba carrega o meu axé
Se hoje sou samba, já fui afoxé
Brilha o meu pavilhão, a maior estrela da televisão
Os mesmos artistas, uma nova pista
Eu sou virtual, mas sempre real
Transbordando a tela, cruzo a passarela
Sigo subindo a ladeira, levanto a mesma bandeira
Palmas, a quem deu ao samba a vida
Bravo! A quem reina na avenida
Não sou só um sonho de carnaval
O momo é o astro rei da folia
Da Sapucaí ao chão virtual
Eu sempre vivi por essa alegria