É Lua nova, Malunguinho, Malunguinho abre a mesa
Meu quilombo Viradouro, firma o ponto de defesa
Arriei Kaô licença Rei Xangô
Quando encarnado libertei gente do mato
Fogo no cativeiro
Faca na estrada
Fugi de emboscada
Terror dos canaviais
A floresta me acolheu com as ervas ancestrais
Hoje encantado, sou Caboclo do Catucá
Minha foice vai cortar o malefício que surgir
Ando por cima das folhas ouvindo o pitiguari
Rondeia, rondeia, balança o maracá
Flecha certeira derruba mal olhado
Amansa touro brabo se quiser desafiar
Mestre no catimbó, cachimbo que inverte a dor
A Jurema é amarga, mas pra mim é um licor
Bebo cachaça, bato com pé, sopro a fumaça nos filhos de fé
Viajo nas Cidades do tesouro, minha chave traz ciência e poder
Reza o corpo e cura a alma na quentura do dendê
Corre, corre pela mata, Galo preto do pé amarelo
Tira, tira a mandinga, faça tudo o que eu quero
Cisca, cisca pela mata, Galo preto do bico de ouro
Feiticeiro não te pega, vai levar um suadouro
Gira Calunga, pisada de coco, bruxaria
Vigio a porteira dessa aldeia que Arariboia bradou
Com a justiça de João Batista, Reis Malunguinho eu sou
Subi no tronco, cuspi fogo
Provei na mata quem é que manda
Na encruzilhada tirei agouro
Pra Viradouro vencer demanda
Adeus, vou embora, vou fechar o Juremá