Eu tenho uma casinha
Lá no coração do sul
Um rio de água clarinha
Mate verde, céu azul
Onde o clarão da aurora
Manda seu primeiro raio,
Riscando a ponta de espora
O sol, este pingo baio
Esta casa tão singela,
Feita de palha e madeira,
Com flores na janela,
Bem ao pé da cachoeira
Não tem frente nem fundo,
Mas cabem os sonhos meus
É o melhor lugar do mundo
Pra acordar nos braços teus
Sinto o cheiro de araçá
E gosto da pintanga
Quando o canto do sabiá
Ecoa lá na sanga
E a d'alva se demora
Extasiada em poesia
Espreguiçando as horas,
Pra saudar o novo dia
Quando a tarde adormece,
No silêncio dos ninhos
Como se fosse uam prece,
Derramada nos caminhos
Onde a lua segue o rastro
De uma estrela desgarrada,
Na infinidade dos astros,
Lá na última invernada.