Voltasse o tempo feito uma carrapeta,
Bailarina borboleta, piruetando prá trás,
Retiraria, das gavetas da memória,
Os brinquedos, as histórias, da criança tão fugaz
Meu coração, nu da cintura prá cima,
Pés descalços, com a prima, na vida a cabracegar,
Minha emoção, calça curta sem destino,
Nesse meu peito malino, bundacanastra a virar
Subir mangueira, atiradeira, pontaria,
‘passarim’ que não sabia da mão certa foi ao chão,
Bucho, mercúrio, quem mandou fazer besteira?
Treloso, descer ladeira pinotando, escorregão,
Portão alto, salto, joelho ralado,
E o quintal que está ao lado fica com caju de menos,
Goiaba verde, tá de vez seriguela, vou levar mangas prá ela,
Beijos, pecados pequenos
- seis padre-nossos, salve-rainha no altar,
Quem me mandou desejar tão cedo o que eu não devia?
Nesse teatro, do amor fui aprendiz,
Brincamos de ser feliz, todo tempo era invernia,
E na escola, soletrar felicidade,
Tabuada da verdade, palmatória, noves fora,
Banhos de açude, jogos de bola e pião,
No são joão, soltar balão, brincante, ator, sertão afora
Perambulo, veredas da meninice,
Coração, mestre em tolice,
Emoção, menoridade,
E todo dia, vários sonhos a beber,
Sou criança a renascer
Nas varandas da saudade