Das roupas velhas do pai
Queria que a mãe fizesse
Uma mala de garupa
Uma bombacha e lhe desse
Queria boinas, alpargatas
E um cachorro companheiro
Pra me ajudar a botar as vacas
No meu petiço sogueiro
Hei de ter uma tabuada
E o meu livro Queres Ler
Vou aprender a fazer contas
E algum bilhete escrever
Pra que a filha do seu Bento saiba
Que ela é meu bem querer
E se não for por escrito
Eu não me animo a dizer
Quero gaita de oito-baixos
Pra ver o ronco que sai
Botas feitio do Alegrete
Esporas do Ibirocaí
Lenço vermelho e guaiacas
Compradas lá no Uruguai
E pra quem digam, quando eu passe
Saiu igulazito ao pai
E se Deus não achar muito
Tanta coisa que eu pedi
Não deixe que eu me separe
Deste rancho onde eu nasc.
Não me desperte tão cedo
Dos meus sonhos de guri
E de lambuja permita
Que eu nunca saia daqui.
por nelson de campos