Encilho o flete que conhece este meu jeito
E masca o freio no palanque da ramada
A compreender que me coiceia dentro ao peito
Uma saudade de rever a prenda amada
Tomo outro mate e busco a volta no rosilho
E alço a perna dando vida aos meus anseios
De contraponto uma cigarra em estribilhos
Faz acalanto pra manear meus devaneios
Abro a cancela da estância pra o corredor
Enquanto o sol vai despencando atrás dos montes
A trotezito vou cruzando o campo em flor
Bombeando a estrada se perder no horizonte
O meu rosilho apressa o trote e troca orelha
E a lua cheia vem clareando a imensidão
E no meu peito já se acende esta centelha
Ao ver a prenda que domou meu coração
Dessas carícias e afagos da chegada
São testemunhas o meu pingo e os vagalumes
E um som de gaita que resmunga debochada
Como querendo me falar dos seus queixumes
E facerito me entrevero na fuzarca
E sarandeio nos braços da minha dona
A lua cheia me convida qual monarca
Para uma noite de romance na carona
Ali na porta do bolicho eu a deixo
E nessa angústia dou de rédeas no meu pingo
Levo na boca o gosto doce dos seus beijos
E a certeza de voltar n'outro domingo
O meu rosilho apressa o trote e troca orelha
Enquanto o sol vem despontando na imensidão
E no meu peito já se apaga esta centelha
Deixando a prenda que roubou meu coração.