Pra nós que somos iguais,
O pampa é pátria e querência
Buscamos a mesma essência
Rastreando o tempo de outros
No mesmo rumo de andantes
Sovando alma e basteira
Amando a mesma bandeira
Galpão, estância e cavalo
Estes versos são regalos
Pra nós, guardiões de fronteira
Necessita ser crioula a alma dos que virão
Porque o vazio do galpão desaba nos cavaletes
A carência dos ginetes que enforquilharam essência
Que o Rio Grande deve por consciência ao índio de a cavalo
O orgulho de cantá-lo no refrão dessa querência
Homens de campo, centauros das rimas simples e puras
Senhor de campo e planuras
Da gaita, do potro e do verso
Teu canto é um universo buscando crença passadas
Saudades enraizadas no interior de nós mesmos
Que vão se boleando a esmo
Das rimas que são potreadas
Num bordoneio minuano quebrei o sono das horas
E a noite calçou esporas no garrão do campo antigo
Quem sabe fale comigo, um pirilampo charrua
Que conhece a noite crua, poemas das madrugadas
E essa décima potreada chega a Deus no andar da lua
Deixo meu mouro na estaca, se precisar salto em pêlo
Pra atacar algum sinuelo, da tropa das utopias
Pra que a voz das tolderias permaneça em acalanto
E é po isso, portanto que larguei meus parilleros
Pois me sobram os herdeiros na sucessão do meu canto